O diretor de campanhas sobre clima e energia do Greenpeace Brasil, Guilherme Leonardi, está preocupado. Há muito o governo cogitava a hipótese de retomar a construção de usinas nucleares, mas foi só no fim de junho que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a liberação das obras de Angra 3. Como o próprio nome diz, será a terceira usina da cidade do litoral sul fluminense.
Angra 3, ao invés de trazer benefícios, trará diversos problemas.
A indústria nuclear mundial esconde acidentes e os minimiza quando necessário, o que daria a falsa impressão de segurança dessa fonte de energia. Para ele, o Brasil ganharia muito mais apostando na eficiência energética e no aproveitamento de fontes renováveis, como a eólica.
Angra 3, ao invés de trazer benefícios, trará diversos problemas. Angra 3 não garante o suprimento de energia para o país, o que seria sua função. Se tudo fosse como planejado, a usina entraria em operação apenas em 2014, tarde demais. Se fossem investidos em energia eólica, os mais de R$ 7 bilhões [que é a previsão de investimento na usina] produziriam o dobro de energia em no máximo um terço do tempo e gerariam 32 vezes mais empregos. O Programa de Conservação de Energia Elétrica (Procel) do governo federal investiu R$ 850 milhões e economizou 5.124 MW. Isto significa que, investindo em eficiência energética, com apenas 12% do custo de Angra 3 foi disponibilizado o equivalente a quatro vezes o potencial de Angra 3.
O lixo radioativo é um problema ainda sem solução e tratado de forma provisória pelo governo federal. A possibilidade de acidentes é inerente a todos os reatores atômicos no mundo. No ano passado um problema em uma usina na Suécia quase provocou um acidente de altíssima gravidade, levando à suspensão das operação em quatro das 10 usinas suecas. Neste ano, um incêndio na usina alemã de Krummel causou sérios danos à segurança do reator, apesar de a indústria nuclear haver afirmado inicialmente que não havia problemas. A usina japonesa de Kashiwazaki-Kariwa sofreu várias liberações de radioatividade após um terremoto, e novamente o setor nuclear tentou omitir o vazamento.
Além de tudo isso, o Programa Nuclear Brasileiro surgiu durante a ditadura militar e sempre deixou clara a íntima relação entre o uso da energia nuclear para fins energéticos e para fins militares. O domínio do ciclo do urânio vem sendo desenvolvido pelo governo federal e possibilita o uso do urânio tanto para produzir eletricidade como para fabricação de uma bomba nuclear como a de Hiroshima.
Assim, não há qualquer mudança de posição do Greenpeace nem do movimento ambientalista sobre o tema. O argumento de que a energia nuclear é menos poluente se refere apenas a emissões de dióxido de carbono em comparação com outras fontes extremamente poluentes, em especial carvão e óleo. Contudo, para que a construção de reatores atômicos tivesse algum impacto positivo nas reduções de emissões dos gases do efeito estufa, seria necessária a construção de pelo menos mil reatores, o que é absolutamente impossível e inviável econômica e ambientalmente. Além disso, ainda que, embora o processo de fissão nuclear não gere dióxido de carbono, o ciclo do urânio emite esses gases. Importante lembrar que a energia nuclear é suja e gera lixo radioativo que permanece perigoso por centenas de milhares de anos. Até hoje não há solução para esse material. A matriz energética deve caminhar para fontes renováveis, como a eólica, solar e biomassa, que são limpas, seguras e capazes de suprir a nossa demanda.
Então, há a divisão de opiniões, pessoas que trabalham e necessitam disso para sustentar suas famílias, e o meio ambiente, como fica? Existe resposta concreta?
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